segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Enquanto o inverno não vem


Formada em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), a atriz Camilla Sarno viu sua carreira se transformar após interpretar a jovem prostituta do elogiado curta baiano Pornographico, que recebeu recentemente o prêmio de melhor fotografia no Iº Festival Cine Cultura Viva, em Brasília. Além do cinema, Camilla, que também é cantora, se dedica ao Teatro, uma de suas grandes paixões. Nos palcos, a atriz de 26 anos traça um caminho de sucesso, com espetáculos como As Bruxas de Salém e Bakxai - sobre as Bacantes .

Nesta entrevista, a jovem atriz fala ao Super 8 baiano sobre sua experiência com o universo mágico do cinema, sobre a Alvenaria de Teatro, grupo que montou com alguns colegas da Escola de Teatro, a Fonoclama, sua banda de pop rock, e seu mais novo papel que entra em cartaz em junho deste ano.


SUPER 8 BAIANO: Como foi o processo de seleção para atuar no curta?

CAMILLA SARNO: O meu irmão mais velho, Ricardo, foi colega de Paula [Gomes] e Haroldo [Borges] - confira a entrevista que Paula Gomes e Haroldo Borges concederam ao S8 - de Faculdade. Conheci uma parte da equipe do Pornographico quando eu era uma guria. Eles "invadiram" a minha casa de madrugada para gravar um filme e não deixaram eu ficar na sala, onde estava sendo gravado, então como tinha uma porta enorme de vidro que separava o corredor da sala, eu espremi os olhos por trás do vidro, na tentativa de ver alguma coisa... até que minha mãe me descobriu e eu fui pro quarto dormir. Me lembro que Marcus, hoje Diretor de Arte, era o ator do filme, ele fazia um morto (risos)!

Anos se passaram... Anos! Talvez uns 10! Haroldo e Paula estavam à procura de uma atriz para o filme e, numa conversa com Pardal (amigo deles de faculdade, também integrante dessa invasão na minha casa de anos atrás) comentou: "Rapaz! A irmã de Ricardinho virou atriz". Pardal foi um dos poucos daquela equipe que eu continuei a ter contato ao longo desses 10 anos depois daquela gravação, pois ele e meu irmão eram da mesma banda, a Vinil 69, e os ensaios eram onde? Na minha casa (risos)!

Quando Pardal se lembrou de mim, eles me procuraram e marcaram um teste! Selecionada!


S8: Você já tinha experiência com cinema?

CS: Cursei dois semestres de Cinema e Vídeo na FTC, lá pude experimentar pouco, muito pouco, a magia do fazer cinema. Quando era preciso realizar vídeos para determinadas matérias, eu sempre me interessava mais no roteiro, na produção e na atuação, eu pedia aos meus colegas para ser a atriz... assim, não durei muito na faculdade de Cinema e Vídeo... (risos)

Além disso, já tinha feito figuração em alguns filmes aqui na Bahia mesmo. E nessa mesma época estava terminando um trabalho de vídeo, um seriado com 10 episódios.

S8: Qual foi sua reação ao saber qual era a proposta?

CS: Antes de fazer o teste, eles me enviaram por e-mail o roteiro. Desde já me interessei.
Ao saber que fui selecionada, conversamos mais sobre o filme e sobre a personagem. Fiquei bastante ansiosa. Para mim, trabalhar com pessoas muito queridas por meu irmão me deixava empolgadíssima. Ao mesmo tempo, sentia uma responsabilidade enorme. Ricardo sempre elogiou muito essas pessoas e eu cresci comungando disso. Eu não tinha amizade com eles, eu era "a irmã menor de Ricardinho". Mas o laço de amizade, de carinho, de respeito e admiração ficou amarrado desde nosso primeiro reencontro, no teste.

Me lembro de duas coisas que me assustaram na época. A primeira coisa foi que eu perguntei logo a eles: "além dessas cenas que estão aqui no papel, vocês estão pensando em colocar alguma cena mais forte... mais picante?!". E a resposta foi um "não" acompanhado de muitos risos. Senti um misto de alívio e deboche de mim mesma... Porque é claro que isso assusta para marinheiro de primeira viagem, mas nada que uma boa conversa e um bom argumento não resolvam. A segunda, foi uma possibilidade de mudar a cor do meu cabelo. Na época eu precisava finalizar um trabalho, estava em gravação para um seriado e ensaiando a peça de minha formatura, "As Bruxas de Salém", que entraria em cartaz durante as gravações de Pornographico. E para o filme eles queriam descolorir meu cabelo, deixar loiríssimo. Suei para convencê-los, nem a peça nem o seriado comportariam isso. Depois de muitas conversas com Marquinhos (Diretor de Arte), consegui que a tintura fosse mínima. Clareamos só um pouco as madeixas.

S8: Como você avalia a repercussão do trabalho para a sua carreira?

CS: Com certeza Pornographico deu uma agitada na minha vida. Um filme muito bem feito e de muito bom gosto, com uma equipe profissionalíssima. Seria inevitável isto acontecer. Sou muito exigente comigo mesma e sempre estou criticando alguma coisa em mim, na atuação (acho que isso acontece com a maioria dos atores e é uma labuta fervorosa sanar isso).

O filme me deixou satisfeita e feliz. A sensação de prazer e o frio na barriga me invadem toda vez que vejo o filme ou que o compartilho com alguém. Tive algumas propostas para curtas por conta do filme, só no último mês (dezembro de 2009), tive 3 propostas mas, infelizmente, não pude aceitar. Estava sem tempo. Mas acredito que muita coisa boa vem por aí... O filme não para de rodar em Festivais. Muita gente ainda não teve o prazer de assistir (risos).


S8: Quais trabalhos você realizou após Pornographico?

CS: Quando o filme surgiu na minha vida eu estava prestes a me formar em Artes Cênicas pela UFBA. Junto com outros colegas, iniciando a formação de um grupo de teatro, o Alvenaria de Teatro.

O grupo exige uma dedicação "embriagadora" e eu decidi respirar isso por muito meses. Dessa forma me "tranquei nessa casa". Saímos "de casa" realizados, na primavera de 2009 com o espetáculo Bakxai - sobre As Bacantes.

Nesse tempo, só participei de dois trabalhos em cinema: Show de Horrores de Ernesto Molinero, Paula e Haroldo - mesma equipe de Pornographico e do longa de Geraldo Sarno, O Último Romance de Balzac, aqui faço uma pequeníssima e deliciosa participação como a Condessa Fedora.

S8: Você está trabalhando em algum projeto atualmente?

CS: Atualmente vivo o Alvenaria de Teatro, tenho um grupo de Animação e Teatro Infantil, o Stripulia, e uma banda de pop rock, a Fonoclama. E estou à espera da minha maior e mais nobre criação, a minha pequenina Luna Clara que me dará o papel de mãe, e deve ter estreia em junho de 2010.

2 comentários:

  1. Sou amigo e colega de trabalho de Camilla. Formei com ela na UFBA e juntos trabalhamos em alguns espetáculos até mesmo fora do espaço acadêmico. E não há dúvidas, Cam é uma pessoa que vive a vida intensamente, cheia de vontade de fazer, do tipo que mete a mão na massa, uma pessoa linda e que agora se prepara para viver o maior papel de sua vida: mãe da já tão esperada Luna Clara!
    Parabéns a equipe blog por dar oportunidade a artistas como nós, com pouco tempo de carreira, mas desenvolvendo trabalhos que certamente contribuem para a construção da nova história do teatro baiano.
    Luiz Antônio Jr.

    ResponderExcluir
  2. Sou amiga de Camilla desde a adolescencia e sempre ela teve essa veia artistica... teatros no colegio, bandas, videoke... tudo isso era com ela mesma!!! Sempre alto astral, era sem duvida, uma atriz nata! Sempre foi notoria sua expressao, sua intensidade... Fizemos o primeiro curso de interpretacao p TV juntas... Nao preciso nem dizer quem se saiu melhor neh!? hahahaha! Sou jornalista e publicitaria e prefiro estar atras dos bastidores! Assisto a carreira de Camilla e camarote desde o comeco e sou muito feliz por isso! Sucesso p vc minha amiga! P vc e p minha sobrinha linda q estar por vir!

    Marcela Dantas

    ResponderExcluir