terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Lançamento: Do Canzuá à Sereia




Alto da Sereia
Foto: Tom Correia

Será lançado na próxima sexta-feira, 18, Do Canzuá à Sereia – o futebol no Alto do morro,  documentário que retrata a comunidade do Alto da Sereia e sua relação com o esporte bretão. O filme, com duração de 25 minutos, tem roteiro e direção de Gabriel Guimarães e Tom Correia, alunos de Jornalismo da Faculdade Social, e teve orientação da professora Jussara Maia.

Do Canzuá à Sereia apresenta depoimentos da “velha guarda” do morro, de representantes da Associação de Moradores e de pessoas que atuam na comunidade com ações educativas e esportivas. Além disso, jogadores do time local, o União Esporte Clube Alto da Sereia, revelam que têm consciência da importância do esporte para ajudar a manter os jovens do local longe do envolvimento com as drogas. Na opinião de Paulo Rodrigues, diretor do União, o vídeo representa para a comunidade “uma vivência de profundos sentimentos de diálogo, de integração, de esperança e de otimismo”.

A exibição está prevista para sessões às 19h30, 20h10 e 20h40 no Alto da Sereia, localizada entre os bairros de Ondina e Rio Vermelho. A mostra é aberta ao público.


O que: Mostra do documentário “Do Canzuá à Sereia – o futebol no Alto do morro”
Quando: 18 de dezembro, sexta-feira, 19h
Onde: Alto da Sereia (entrada pela escadaria principal, acesso pela Avenida Oceânica)
Entrada: Franca

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

20 anos de Superoutro. Venha ver.



Em comemoração às duas décadas de lançamento do filme Superoutro, de Edgard Navarro - cineasta que já passou aqui pelo Super 8 baiano - o Espaço Unibanco de Cinema estará promovendo a exibição da película nesta quarta-feira, 16, às 21h. E pra ficar ainda melhor, a entrada é franca!

Os convites podem ser retirados na própria bilheteria do Espaço Unibanco a partir das 20h. Mas cheguem cedo porque a sessão é para apenas 200 felizardos.

Então, nos vemos por lá !

O que: Exibição do filme Superoutro, de Edgard Navarro
Local: Espaço Unibanco de Cinema - Glauber Rocha
Horário : 21h
Entrada: Franca

Confira o trailler:

domingo, 13 de dezembro de 2009

Curta baiano participa de mostra competitiva em Brasília


Após extrapolar as fronteiras da Bahia e conquistar diversos prêmios, entre eles o de Melhor Edição/Montagem no 1º Cine Grandes Curtas, do Festival Nacional de Cinema da Cidade de Pelotas (RS), Melhor Filme do Festival Latino-Americano de Buenos Aires e o prêmio  Puntano de Oro de Melhor Filme no  Festival San Luis Cine, também na Argentina, o curta-metragem baiano Pornographico participa com mais 19 filmes da mostra competitiva do Iº Festival Cine Cultura Viva, que acontecerá em Brasília, entre os dias 16 e 21 de dezembro. Eita que é Festival que não acaba mais.

A história de um velho projecionista de um cinê pornô que redescobre o sentido de sua própria vida quando proporciona o contato de uma jovem prostituta com o mundo mágico do cinema, foi exibida em Salvador no V Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, em agosto deste ano.  

Num intervalo da produção de Noches Desveladas, primeiro longa-metragem de ficção da dupla Haroldo Borges e Paula Gomes, os co-produtores e diretores de Pornographico conversaram com o Super 8 baiano sobre o premiado curta, os novos projetos e a tragetória deles no universo do cinema.


SUPER 8 BAIANO- Qual foi a primeira produção de cada um de vocês?

PAULA GOMES: Nossos primeiros trabalhos foram os curtas Noite de Marionetes e Piruetas, ambos contemplados em editais do Ministério da Cultura. Eles foram filmados juntos e tiveram uma trajetória interessante em mostras e festivais. Noite de Marionetes estreou no Festival de Brasília. Piruetas foi exibido na TVE em rede nacional e agora integra o Programa Petrobrás às Seis. Mas acho que o ponto mais importante desses curtas é que eles nos ensinaram a “inventar” o nosso cinema, o nosso modus operandi.

HAROLDO BORGES: A gente brinca que a pré-produção de Noite de Marionetes e Piruetas foi uma pré para a vida inteira. Foi a partir daí que formamos um grupo e fundamos uma produtora, a Plano 3 Filmes.

S8 - Como surgiu a ideia do roteiro de Pornographico?

HB: Pornographico é uma história de amor que acontece em um cenário pouco convencional, pouco romântico: uma sala de cinema pornô. A ideia do roteiro surgiu do desafio de criar poesia trabalhando com o universo da pornografia.

S8 Quais foram as principais dificuldades enfrentadas na produção do curta?


PG: Com um orçamento mínimo, o desenho de produção vira um desafio ainda maior. Mas isso é maravilhoso. Porque além de ficar mais criativo, a gente aprende a respeitar a rede de delicadas relações humanas que envolvem o processo do filme. Além do mais, se andamos tirando leite de pedra, tenho certeza que isso nos faz mais preparados para maximizar e administrar orçamentos maiores.

S8 - Quais são as referências de vocês no cinema?

HB: As referências vêm e vão, mudam junto com a gente. Tivemos nossa fase Tarkovsky, Kiarostami. Agora, estamos muito apaixonados pela obra de Christopher Doyle.

S8No total, quantos e quais foram os prêmios que o curta já conquistou?   

PG: Pornographico conquistou 12 prêmios, incluindo o de Melhor Filme do Festival Latino-americano de Buenos Aires e do Festival San Luis Cine, ambos na Argentina. Foi premiado nas áreas de direção, fotografia, roteiro e montagem. Ganhou também o Prêmio do Público no Panorama Internacional Coisa de Cinema. O filme segue sua carreira nos festivais e estará participando, de 16 a 21 de dezembro, do I Festival Cine Cultura Viva, em Brasília.


S8 - Quais eram as expectativas com relação ao lançamento do filme?  Vocês ficaram surpresos com a recepção do trabalho?

HB: A trajetória de Pornographico foi uma grande surpresa. Em Buenos Aires o filme teve muito êxito, chamando a atenção de técnicos e de importantes instituições, como a Panasonic e o Sindicato da Indústria Cinematográfica Argentina. Com eles fechamos importantes parcerias que viabilizaram a produção do nosso primeiro longa-metragem de ficção, Noches Desveladas, que tem previsão de lançamento para o segundo semestre de 2010.

S8 - Atualmente, em quais projetos vocês estão trabalhando?


PG: Nesse momento estamos trabalhando com três projetos em etapas distintas: o documentário Profissão: Palhaço, em fase de distribuição, Noches Desveladas, em finalização, e nosso novo longa-metragem, Actrices, que está em pré-produção na Argentina. Estaremos filmando no próximo mês de janeiro.



     
Créditos: As três primeiras imagens são registros de Pornographico feitos por Antonio Paim. A quarta imagem é uma cena do longa Noches Desveladas, fotografada por Violeta Coronado.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

“Primeiro filme de terror baiano” tem estreia prevista para 2010

Comédia, Suspense, Homoerotismo, Terror! Estes foram alguns dos elementos utilizados pelo cineasta baiano Cláudio Factum para produzir Psicometria, seu mais novo trabalho, com lançamento previsto para janeiro. O filme, que tem pouco mais de 50 minutos, mostra a noite de dois homens em uma casa assombrada por um espírito juvenil. Factum relata ao Super 8 baiano que a ideia do projeto era fazer algo mais pessoal com maior liberdade de direção.

Com um orçamento inferior a mil reais, Psicometria teve apoio de pequenas empresas, como uma padaria e uma madeireira. Também contou com a parceria de duas produtoras e uma imobiliária. “Sempre questionei o fato de Salvador não produzir cinema de terror, e como pesquisei e descobri que não existe filme de terror de mais de meia hora feito aqui, achei que chegou a hora”, revela o cineasta.

Cláudio Factum, que também é produtor do média-metragem Lucas Terra, sobre o adolescente assassinado em 2001 por um pastor da igreja que frequentava, diz que seu cinema é caracterizado por filmes ousados e de baixo custo. Auto-intitulado como o primeiro filme de terror baiano, Psicometria fará parte do projeto Quartas Baianas e será exibido, a partir de janeiro, na sala Walter da Silveira, na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, nos Barris.

Confira o trailler:

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Tempo Glauber reúne mais de 80 mil trabalhos do cineasta baiano



O baiano Glauber Rocha é uma das maiores referências do Cinema Novo. Seu trabalho influenciou vários profissionais do audiovisual local e de outros estados e países. Um dos que confessaram admirar o trabalho de Glauber foi o videoartista Daniel Lisboa, em entrevista para o Super 8 baiano.

Glauber nasceu em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, em 1939. Mudou-se para Salvador em 1947 e foi então que começou a rodar seus primeiros filmes. O trabalho número um foi O Pátio (1959), primeiro curta-metragem do estado. Foi escritor, ator, jornalista, estudante de Direito, desenhista, mas foi por seu trabalho como diretor que ele conquistou reconhecimento internacional.

Barravento (1962), Terra em Transe (1967), O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969) e A Idade da Terra (1980) são algumas de suas produções. Glauber morreu em 1981, mas o que muitos não sabem, é que todo o seu acervo pode ser visto pelo público no Tempo Glauber, que fica no Rio de Janeiro.

Fundado em 1983, o Tempo Glauber reúne, aproximadamente, 80 mil itens entre desenhos, fotos, documentos, roteiros, poesias, objetos pessoais, prêmios e produções de Glauber e de outros cineastas brasileiros. À frente do projeto, está a família do baiano. Eles contam com o apoio do Ministério da Cultura, do Fundo Nacional de Cultura e, a partir de 2010, o Governo do Estado do Rio de Janeiro também apoiará o espaço, que foi contemplado como ponto de cultura.

"Glauber é brasileiro!"

Apesar de Glauber ter nascido na Bahia, o maior espaço dedicado a sua memória fica fora do estado. João Rocha, sobrinho do cineasta e integrante da diretoria do Tempo Glauber, diz que foi o Rio de Janeiro que fez a proposta de abrigar o espaço e proporcionou sua fundação. “Glauber é brasileiro! Qualquer local do Brasil serviria para sediar a instituição. Enquanto estava em Salvador, o acervo ficava em guardado em malas”, explica João.

Mas, há planos de abrir uma filial em Salvador. Segundo João, o projeto já está em andamento e vai possuir cópias digitais do acervo e uma administração local.

Ouça alguns sons captados durante as filmagens de A Idade da Terra, última produção de Glauber:


O Super 8 na Bahia


Afinal, não poderíamos deixar de contar um pouco da história do equipamento que dá título ao blog


Primeira Super 8 usada por Navarro

Em 1965, a Kodak lançou o equipamento que ajudaria a revelar dezenas de cineastas na Bahia: a câmera em formato Super 8. O fácil manuseio e o custo baixo tornaram o Super 8 bastante popular, principalmente no uso doméstico. Festas de aniversário, viagens, almoços, as famílias registravam o cotidiano com o instrumento.

Os primeiros filmes baianos no formato Super 8 foram feitos em 1969 por Célio da Cunha Prata. O pioneiro foi o documentário Os 500 quilômetros da Bahia, em seguida, Prata rodou Papai Noel, um trabalho experimental. Mas foi entre os anos 1970 e 1980 que novos cineastas do estado puseram seus nomes entre os grandes realizadores daquele novo cinema sem muitas preocupações estéticas, mas repleto de lirismo e questionamentos sociais e políticos.


Edgar Navarro

Com dez filmes em Super 8 no currículo, o cineasta Edgar Navarro comprou seu primeiro equipamento em 1976, na Zona Franca de Manaus, para não pagar imposto sobre a mercadoria. No início, seus filmes foram experimentais, filmados com atores e cenários improvisados. Os personagens eram interpretados por seus colegas da Escola de Teatro da Ufba, por sua cadela de estimação e, às vezes, ele mesmo fazia uma ponta no filme como ator.

Sua primeira experiência profissional com Super 8 foi no filme Alice no país das mil novilhas (1976). “Alice é uma paródia sobre a perda da ingenuidade, uma produção muito criativa e divertida que provocou um efeito muito grande no meu espírito”, conta Navarro.

Moviola

Uma das curiosidades do Super 8 é que a bitola registrava apenas as imagens. Roque Araújo, Coordenador do setor de Cinema e Vídeo da Diretoria de Audiovisual da Bahia (Dimas) e também cineasta, explica que o áudio era captado por um gravador de origem suíça, chamado de Nagra. O som ficava armazenado numa fita de 1 milímetro de espessura e a sincronia com as imagens era feita numa mesa de montagem, a moviola, que alguns tinham em casa. Ficou confuso? Ouça a explicação de Roque Araújo:



Muitas produções realizadas com Super 8 estão arquivadas na Dimas, que fica na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, nos Barris. Simone Lopes, Coordenadora do Núcleo de Memória da Dimas, explica que qualquer pessoa pode ter acesso aos arquivos que já foram transferidos para DVD. Quem tiver interesse pode assistir aos vídeos lá mesmo, na sala de exibição, ou tomar como empréstimo. As películas originais, por exigirem maior cuidado no manuseio, só podem ser vistas no local.

Conversão

Por ser um equipamento bastante simples e de uso caseiro, é possível que muitos ainda guardem os registros daquele domingo na praia ou do batizado do filho. A boa notícia para essas pessoas é que ainda há tempo de transformar esses filmes para DVD e ter acesso às lembranças. Segundo Roque Araújo, a única pessoa que faz a conversão do formato Super 8 para o DVD na Bahia é o cineasta Robinson Roberto. Para saber como entrar em contato com Robinson Roberto, ligue para 3316-8100 ou 3116-8111.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

"Eu me lembro" para franceses


O filme Eu me lembro [2006], do baiano Edgar Navarro, vai ser distribuído para salas de cinema da França. A obra é uma das nove vencedoras do prêmio de apoio à distribuição internacional de filmes brasileiros, programa que auxilia distribuidores internacionais a arcar com os custos de propaganda e marketing no lançamento das películas. Por cada filme lançado, as distribuidoras recebem US$ 25 mil. A previsão é que Eu me lembro esteja disponível para o público francês em 2010.

Confira a lista dos trabalhos contemplados .

Assista ao trailler:

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Videoarte e terrorismo


Um dos destaques do audiovisual baiano, o videoartista Daniel Lisboa conquistou reconhecimento meteórico. Através de curtas-metragens, em alguns minutos ele mostrou a realidade de pessoas que vivem às margens da sociedade, de sem-tetos a penitenciários. Também brincou com o terrorismo e, com muita ironia, criticou o coronelismo da política local, com seu O fim do homem cordial (2004). Com 30 anos, formado em Cinema e Vídeo, ainda traz no currículo curtas como U olhu Du Povu (2002) e Frequência Hanói (2006), além de prêmios conquistados em festivais de todos os cantos do país. Nessa entrevista, Daniel nos fala um pouco sobre seu trabalho e suas influências.

SUPER 8 - Quais são suas referências profissionais?

DANIEL LISBOA - Rapaz, venho de um cinema muito prático. Eu sempre falo que não sou um cara que me apaixonei por filmes pra depois ir praticar. Nunca fui um cinéfilo, aquele cara que devorava filmes e através disso teve vontade de fazer, pelo contrário fui muito mais pela coisa da prática de ter o equipamento em casa e de começar a manipula-lo e de começar a tentar me expressar de alguma forma através desse equipamento. Comecei muito cedo, desde 10 anos já tinha câmera lá em casa, então já mexia nessa câmera há muito tempo. Com 15 anos, comecei a ter as primeiras idéias de fazer filme, de fazer historinhas, mas só depois, quando entrei na faculdade de cinema, comecei a encontrar referências, a encontrar cineastas com quem me identificava e a partir daí comecei a tentar aproximar o meu cinema do cinema deles, não apenas aproximar mas pegar informações dali e tentar modificá-las pra criar uma coisa nova. Pra começar aqui pela Bahia, posso citar Edgar Navarro. Também tem o André Luís de Oliveira, que fez o Meteorango Kid, Herói Intergaláctico que é um filme também baiano que faz parte do cinema marginal brasileiro. Se encaixa junto com Rogério Sganzerla e Osualdo Candeias e aí alguns outros também, o cinema de Almodóvar é sedutor, Ingmar Bergman, o próprio Glauber Rocha.

S8 - Glauber Rocha pretendia com o cinema dele fazer uma revisão crítica da sociedade. Dessa forma pretendia quebrar aquele modelo de cinema que foi incorporado pelo Brasil, o modelo de Hollywood. Você tem um objetivo parecido com o de Glauber na sua produção?

DL - Não sei. Acho que é bem diferente, naquele momento precisava mesmo dessa quebra, de um cinema novo, como aconteceu, mas já rolou esse cinema novo, esse cinema novo já não é mais novo. Eu não tenho essa pretensão de fazer um novo cinema, até porque o que eu estou fazendo vários outros realizadores em várias partes do país estão fazendo também, esse cinema mais experimental, esse cinema mais marginal.

S8 - Nas suas produções, você fala do "terrorismo audiovisual". Qual o conceito desse tipo de terrorismo?

DL - O terrorismo audiovisual é uma forma de você interferir nas coisas com produtos audiovisuais, a gente fala brincando, “uma forma de fazer bombas audiovisuais”. Fazer filmes que incomodem, que tragam reflexões, que façam as pessoas olharem de uma outra forma aquele assunto que a gente está tratando. E, em casos mais urgentes, como foi O fim do homem cordial, causar rachaduras mesmo na estrutura do governo, causar demissões, causar tumulto entre eles. O fim do homem cordial é o exemplo perfeito do terrorismo audiovisual.

S8 - Você já imaginava toda aquela repercussão para o vídeo?

DL - Eu tinha um plano, projetava, mas a coisa explodiu no lugar certinho. Em todos os sentidos, até no sentido da minha carreira mesmo, de meu nome, foi muito bom pra esse aspecto também. Acho que eu sou o cineasta que fez o nome mais rápido da história. Todos precisaram de um tempo de carreira pra fazer um nome na praça, no circuito, e O fim do homem cordial me deu isso numa velocidade enorme, uma respeitabilidade dentro do meio, aconteceu muito rápido, por causa da potência do vídeo.

S8 - Na época, explicaram as razões pelas quais o filme foi censurado?

DL - Falaram que o filme não tinha qualidade artística, falaram que era um filme que pregava a violência, não podia ser assistido por qualquer tipo de público e, se liberassem filmes como esse, teriam que liberar filmes racistas e nazistas. Eles não entenderam a brincadeira, porque o filme é uma brincadeira. É onde eu pego a realidade do Oriente Médio e trago aqui para a Bahia, aquela coisa assim “porra, se o povo baiano tivesse a postura do povo iraquiano, como ele se comportaria diante de tantos escândalos, tanta miséria, tanta injustiça vinda dos governantes?”.

S8 - Qual seria a força que o audiovisual pode exercer dentro da sociedade?

DL - Eu pensei muito no terrorismo audiovisual, depois eu comecei a ver que eu não tinha força pra isso, que eu não era esse líder, um líder de um movimento anticordial. Eu não era esse cara que ia conseguir fazer essas mudanças enormes, de um novo cinema. Depois eu fui vendo que é foda, você lutar sozinho é foda, se você não tem um bom exército, você cansa. E aí você vai tendo que se enquadrar no sistema, hoje eu tenho uma produtora toda regularizada [Cavalo do Cão], passo nota fiscal, faço trabalhos institucionais, boto várias vezes meu trabalho autoral de lado, por um trabalho de sobrevivência mesmo, um trabalho para pagar as contas. E acho que a gente vai ficando velho mesmo e vai ficando com medo das coisas.

S8 - Você geralmente trabalha com curta-metragem. A que se deve essa característica de suas produções?

DL - Facilidade. Facilidade de fazer. Curta e documentário são duas vertentes do audiovisual que facilita o fazer.

S8 - Os meios de divulgação do seu vídeo são basicamente a Internet e a mostra em prêmios. Existe a intenção de levar esses vídeos ao grande público?

DL - Não, é um filme de gueto mesmo. A não ser que a Lei do Curta voltasse a funcionar, passar o curta antes de um filme de longa-metragem, aí você estaria levando esse material ao grande público.



quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Museu Roque Araújo




Até o próximo sábado, dia 21, quem passar pelos Barris vai poder visitar a exposição Museu Roque Araújo. As peças expostas são parte do acervo pessoal do cineasta e produtor, Roque Araújo, que, ao longo de mais de 50 anos de carreira, trabalhou em diversas produções do cinema baiano e nacional. Câmeras fotográficas e filmadoras de diversos formatos, rolos de negativo, equipamentos de projeção, fotos, recortes e a remontagem de um dos cenários do filme Revoada, de José Umberto, com os objetos cenográficos originais, são alguns dos materiais expostos. Além de conhecer um pouco mais sobre a história do cinema na Bahia, o visitante também pode bater um papo com Araújo. A exposição está aberta à visitação pública das 9 às 21h, na galeria Xisto, que fica na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, nos Barris.


Roque Araújo é coordenador do Núcleo de Cinema e Vídeo da Dimas. Além de ter participado das filmagens do primeiro longa-metragem baiano (Redenção, de Roberto Pires), Araújo trabalhou com Glauber Rocha. A cumplicidade entre os dois era tamanha que Glauber lhe confiou parte do último filme que produziu, A Idade da Terra (1980). Este material deu origem ao filme No tempo de Glauber (1986), produzido e dirigido por Araújo.

Foto: ABCV

domingo, 15 de novembro de 2009

Vale a pena conferir

Nesse fim de semana listamos algumas produções locais que além de marcarem o Cinema Baiano, ultrapassaram fronteiras e conquistaram admiradores em vários cantos do Brasil, algumas reconhecidas até em outros países.

Como temos muita coisa boa produzida, algumas não entraram nessa primeira seleção. Mas fiquem tranquilos. Logo, logo, vocês verão outros títulos aqui no Super 8 baiano. Como disse Glauber, “o cinema prolonga a vida, Estas imagens estarão eternas. Além da morte”.

  • A grande feira (1961) - Filmado na feira de Água de Meninos, o drama dirigido por Roberto Pires retrata, em 91 minutos, o cotidiano de pessoas comuns em Salvador. O ator Geraldo Del Rey também participa desta produção, assim como Antônio Pitanga, Helena Ignez, Luisa Maranhão e Milton Gaúcho. 


  •  Deus e o diabo na terra do Sol (1964) - Dirigido por Glauber Rocha, o filme traz no elenco atores como Yoná Magalhães, na pele da sofrida Rosa e Geraldo Del Rey (já falecido) como o sertanejo Manuel. A produção foi indicada à Palma de Ouro no Festival de Cannes no mesmo ano de sua estreia.


  • Meteorango Kid, o herói intergalático (1969)- O país vivia o período da Ditadura Militar quando o filme foi lançado. O longa, escrito e dirigido por André Luiz de Oliveira, narra as aventuras do jovem estudante Lula no dia do seu aniversário. A película de 85 minutos é uma das representantes do movimento underground baiano. Confira um trecho:




  • Superoutro (1989) - Produzido em Super-8, o filme dirigido por Edgard Navarro conquistou no ano de seu lançamento os prêmios de melhor média-metragem e melhor direção do Festival de Cinema de Gramado. Recebeu também, no mesmo evento, o prêmio especial do júri.


  • Doido Lelé (2009) - Ambientado na década de 50, o curta-metragem escrito e dirigido pela jornalista e cineasta Ceci Alves, narra em 15 minutos, a história do menino Caetano que sonha em ser um cantor de rádio. A produção foi indicada em sete categorias, entre elas a de melhor filme, no 4º Festival do Paraná de Cinema Brasileiro Latino, recebendo elogios da atriz Fernanda Montenegro e do diretor Silvio Tendler.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Território de cinema

Nos anos 1950 e 1960, havia em torno de 30 cinemas espalhados pelas ruas de Salvador. Os ingressos a preços variados, permitiam que toda a população, das classes mais altas ao público com menor renda, pudesse frequentar as sessões e assistir ao espetáculos. O Cine-teatro Jandaia, na Baixa dos Sapateiros, conhecido como Castelo de Maravilhas, foi palco para artistas reconhecidos no mundo todo, como Carmem Miranda e Procópio Ferreira. Além de apresentações musicais e teatrais, lá eram exibidos desenhos animados e filmes de faroeste. Há poucos metros, o público tinha acesso ao Cine Tupi, onde longas filas se formavam para as exibições dos filmes dos Trapalhões. Outros cinemas tradicionais foram o Tamoio e o Astor.

Esses espaços já não têm mais o mesmo glamour de antigamente. Confira no mapa onde os prédios que abrigavam esses cinemas estão localizados e saiba o que funciona nos locais atualmente:



Visualizar Cinemas de bairro em Salvador em um mapa maior

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Dica Super 8


Para saber o que acontece no cenário do cinema baiano, visitem o site da Diretoria do Audiovisual - Dimas. A página oferece dicas de mostras, festivais e cursos, além de trazer a programação mensal dos filmes exibidos gratuitamente na sala Walter da Silveira.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Produções de todo o mundo são exibidas em Salvador

Começou, no dia 8 de outubro, o 6º Festival Internacional Cinema de Salvador. Até 22 de outubro, o público poderá participar de mostras de filmes, oficinas, mesas-redondas e sessões especiais que acontecem nas salas do Circuito Saladearte.

Em todas as edições do Festival, o panorama da produção cinematográfica mundial é apresentado aos espectadores baianos. Este ano, cerca de 70 filmes, produzidos em mais de 15 países, estão na lista de exibição. O evento é promovido pelo Grupo Saladearte, com patrocínio da Vivo e do Governo da Bahia, através do Fazcultura.

Atualmente, o Festival é um dos principais eventos de cinema realizados na Bahia. Através dele, o público tem acesso a produções antigas e inéditas feitas por cineastas de todos os cantos do mundo. Além disso,o Festival promove o encontro de profissionais do audiovisual de fora e daqui da Bahia. Uma ótima oportunidade de estar ligado ao que acontece no cenário da Sétima Arte mundial e local.

Os ingressos custam R$ 14 [inteira] e R$ 7 [meia].

Confira a programação completa.

domingo, 11 de outubro de 2009

Corram! O prazo está acabando



Até o dia 15 de outubro, os cineastas de plantão poderão mandar suas produções para o Festival de Cinema e Urbanidade - Cidade Filmada. O evento, que acontecerá  nos dias 26, 27 e 28 de novembro, pretende integrar as características audiovisuais, típicas do cinema, às questões relacionadas à urbanidade. Os vídeos concorrentes deverão ter no máximo 16 minutos de duração.

Além da mostra dos curtas competidores, o festival contará com mesas-redondas e oficinas prévias de microcinema, grafite e locação.

O Cidade Filmada, foi elaborado pelos estudantes do 3º semestre de Produção em Comunicação e Cultura da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Mais informações aqui.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Estímulo à cultura é tema de projeto da Câmara



Nos dias 13 e 14 de outubro, a Câmara dos Deputados vai votar o projeto do Vale-Cultura (PL 5798/09). A proposta visa estimular o consumo de produtos culturais, através do Programa de Cultura do Trabalhador. Através da iniciativa, os trabalhadores receberão um vale de R$ 50 que deverão ser gastos em livros, sessões de cinema, apresentações teatrais e musicais, entre outros programas de cunho artístico.

A ação, se aprovada, será uma maneira eficiente de estimular a procura por formas de expressão artística entre trabalhadores com rendimento mensal de até cinco salários mínimos. Além disso, o projeto deve injetar mais de R$ 7 bilhões por ano no mercado de bens de cultura. Espera-se então que essa medida, ao ser posta em prática, não se configure apenas como uma ação paliativa. Agora é torcer pra que mais projetos de cunho artístico-social sejam votados e executados.

sábado, 3 de outubro de 2009

Era uma vez um bairro... e um cinema!

Por Ciranda Campos e Laís Santos




A partir do século XIX, a região da Baixa de Sapateiros ficou marcada pelo seu comércio, principalmente o da venda de couro, atraindo assim muitos sapateiros de outras regiões para o local. Daí a origem do nome do bairro.

Nas primeiras décadas do século XIX, além do comércio, a Baixa dos Sapateiros ganha visibilidade pela inauguração do primeiro cinema da cidade, o Cine-teatro Jandaia. Cinco anos depois, em 1915, é construído na mesma região outro cinema, o Olympia, marcado pela suas matinês que seduziam, assim como no Jandaia, a elite das classes média e alta da cidade de Salvador.

Castelo de Maravilhas

Em 1950, o cinema torna-se a principal opção de lazer na capital, para não dizer, uma das únicas que atraía todas as classes e faixas etárias. Como aponta a professora Maria do Socorro Carvalho, na obra Imagens de um tempo em movimento: cinema e cultura na Bahia nos anos JK (1956-1961), “Era o único divertimento realmente popular naquela cidade onde pouco ou quase nada se tinha para fazer”.

Para o escritor Geraldo Costa Leal, autor do livro Pergunte ao seu avô, obra que resgata a história dos principais cinemas de Salvador, o Cine-teatro Jandaia foi o cinema mais completo existente na capital. Localizado na Rua do Alvo, na Baixa dos Sapateiros, região antes badalada pela elite soteropolitana, o empreendimento foi inaugurado em 9 de março de 1911, pelo comerciante sergipano João Oliveira.

No início, o Cinema Jandaia não passava de um simples galpão no qual eram projetadas imagens de pouca qualidade para um público mais humilde. Esta realidade permaneceu até o fim da década de 20, quando Seu João, após uma longa viagem para a Europa, decide reformar o cinema, deixando-o mais amplo e mais bonito. O antigo Cinema Jandaia passa a então ser chamado de Cine-teatro Jandaia, considerado a partir da década de 30, o espaço de lazer mais moderno e sofisticado da América do Sul.

Apelidado de “Castelo de Maravilhas” em virtude da sua magnitude, o Cine-teatro Jandaia, um dos primeiros arranha-céus de Salvador, comportava de uma só vez, 2.200 espectadores em uma área de 1.200 metros quadrados, oito vezes maior que as salas de exibição dos cinemas atuais . Artistas de prestígio internacional, como Carmem Miranda e Procópio Ferreira, se apresentaram no local em seus tempos de glória.


Palácio em ruínas

A partir da década de 60, com a expansão dos empreendimentos multinacionais de cinema na capital, aliada à falta de manutenção e ao aumento da marginalidade na Baixa dos Sapateiros, o “Castelo de Maravilhas” começa a decair. O cinema tenta sobreviver, sem êxito, com a exibição de filmes populares.

Em 1975, é construído o primeiro shopping de Salvador, o Iguatemi. Nesse mesmo período a cidade passava por transformações socioculturais, entre elas a migração do comércio de bairro para os grandes centros comerciais.

Ainda nos anos 70, Ivone Oliveira, filha de Seu João e herdeira do espaço, resolve pôr o Jandaia à venda. Fechado há mais de 15 anos, sua recuperação é parte do projeto de revitalização da Baixa dos Sapateiros, traçado em 1994.

Há três anos, a Associação Cultural Viva Salvador, fundada e presidida pelo marchand francês, Dimitri Ganzelevitch, entrou com um pedido de tombamento do espaço no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), mas ainda não obtiveram resposta.

sábado, 26 de setembro de 2009

Se aconcheguem

Sejam bem-vindos ao Super 8 baiano!!!



Aqui vocês encontrarão notícias, curiosidades, dicas, entre outras coisitas sobre o Cinema baiano. Do pioneirismo da dupla Diomedes Gramacho e José Dias da Costa, passando pela obra magistral de Glauber, até os dias de hoje, muitas coisas boas já foram feitas, ou melhor, estão sendo realizadas. Infelizmente, algumas dessas produções são poucos divulgadas, ficando restritas a um grupo bem pequeno. No Super 8 baiano as obras clássicas, assim como os novos nomes do cinema na Bahia terão voz e lugar.



Agora se aconcheguem. O espaço é todo de vocês.